O debate sobre gestão de investimentos persiste: ativa ou passiva? No entanto, enquadrar essa questão como uma escolha binária ignora uma realidade muito mais sofisticada. Ambas as abordagens possuem méritos genuínos, e a verdadeira pergunta não é qual escolher, mas quanto de cada uma deve compor um portfólio bem estruturado.

Muitas vezes, conversas com consultores financeiros se concentram excessivamente em index trackers, revelando as limitações de um pensamento dogmático. Há muito mais do que isso.

A gestão ativa se baseia em um argumento convincente: gestores qualificados, aplicando expertise e rigoroso gerenciamento de risco, devem justificar taxas mais altas por meio de retornos superiores. Dos 3.200 fundos ativos analisados em 2024, 42% superaram seus pares passivos médios. Mais impressionante ainda: 107 fundos ativos de ações de large caps dos EUA superaram seus benchmarks ao longo de 20 anos, com um retorno adicional mediano de 0,6 ponto percentual ao ano.

O poder dos juros compostos é fundamental. A matemática do compounding transforma pequenas diferenças em grande crescimento de patrimônio. Um investidor com £1 milhão rendendo 8% ao ano alcança £4,66 milhões após 20 anos. Capturar 60 pontos-base adicionais por meio de gestão ativa qualificada eleva esse valor para £5,11 milhões — um prêmio de £450.000 que justifica amplamente as taxas cobradas.

A gestão ativa geralmente supera a passiva durante correções de mercado, capturando mais alta na recuperação. Essa característica defensiva é valiosa quando portfólios enfrentam estresse máximo. A natureza cíclica do desempenho ativo também merece atenção: de 2000 a 2009, a gestão ativa superou a passiva em nove de dez anos, e ao longo de 35 anos, ativa venceu 17 vezes, enquanto a passiva venceu 18 vezes. Essa quase paridade indica que diferentes ambientes de mercado favorecem abordagens diferentes — e aderir rigidamente a uma única filosofia significa perder oportunidades.

A gestão passiva entrega exatamente o que promete: retornos de mercado menos taxas mínimas, com total transparência. No início de 2025, os ativos geridos passivamente ultrapassaram US$ 16 trilhões, enquanto os ativos geridos ativamente ficaram pouco acima de US$ 14,1 trilhões — um marco que reflete a preferência dos investidores.

A diferença de taxas tem importância inegável. Os juros compostos trabalham implacavelmente nos dois sentidos, e cada ponto-base perdido representa capital que deixa de ser reinvestido. Em mercados desenvolvidos de large caps, onde a cobertura de analistas é ampla, estratégias passivas oferecem resultados consistentes.

No entanto, investir passivamente traz riscos. A abordagem ignora avaliação. Quando a concentração de mercado atinge níveis extremos, investidores passivos acabam com exposição máxima a ativos negociados a valorizações máximas — algo contrário aos princípios básicos de prudência.

Os mercados emergentes em 2024 ilustraram bem isso. A dispersão de retornos entre países foi enorme — cerca de 60% entre o melhor desempenho (Taiwan, +34%) e o pior (Brasil, –30%). Gestores ativos que sobreponderaram Taiwan e reduziram Brasil obtiveram retornos significativamente superiores. Consultores focados apenas em trackers simples perderam completamente essa oportunidade.

A abordagem sofisticada reconhece que a gestão ativa e a passiva atendem a objetivos diferentes dentro do portfólio. A exposição central a ações de mercados desenvolvidos e eficientes pode ser majoritariamente passiva. Posições satélites em mercados menos eficientes ou setores especializados oferecem terreno fértil para que a gestão ativa agregue valor.

A renda fixa apresenta oportunidades particularmente atrativas para gestão ativa. Na última década, 45% dos gestores ativos de renda fixa superaram seus pares passivos médios, refletindo maior ineficiência nos mercados de crédito.

A abordagem da DCS incorpora essa síntese por meio de portfólios que combinam ambas as estratégias dentro de estruturas calibradas por risco. Em vez de impor uma decisão artificial entre uma ou outra, essas soluções utilizam veículos passivos onde os mercados são eficientes e gestão ativa onde a habilidade pode gerar retornos adicionais.

Portfólios navegam por condições variadas: mercados em alta e correções, concentração e dispersão, eficiência e disfunções. O gestor habilidoso utiliza as ferramentas adequadas para cada ambiente, em vez de insistir que um único instrumento serve para tudo. O desempenho se move em ciclos, e cada estilo alterna períodos de superioridade.

Investidores que prosperam ao longo de horizontes realmente longos tendem a evitar dogmatismos. Em vez disso, utilizam ambos os enfoques de forma estratégica, permanecem conscientes dos seus respectivos custos e benefícios e mantêm disciplina durante os inevitáveis períodos de desempenho inferior. Essa disciplina, talvez mais do que a escolha de qualquer veículo específico, é o que determina o sucesso no investimento.

Disclaimer: The views expressed in this article are those of the author at the date of publication and not necessarily those of Dominion Capital Strategies Limited or its related companies. The content of this article is not intended as investment advice and will not be updated after publication. Images, video, quotations from literature and any such material which may be subject to copyright is reproduced in whole or in part in this article on the basis of Fair use as applied to news reporting and journalistic comment on events.

0 Shares:
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

VOCÊ PODE GOSTAR