Alguns setores da economia passam pelo que é conhecido como ciclos. Os períodos de demanda muito alta são seguidos por grandes ciclos de queda na demanda, em um ciclo de expansão e recessão para o setor. Esses ciclos de demanda são impulsionados por outros fatores, às vezes na economia em geral, às vezes gerados por fatores específicos desse setor, como os consoles de jogos de computador, por exemplo, em que os ciclos são impulsionados pela idade dos consoles e pelo lançamento de novos produtos. Muitos setores apresentam características cíclicas, desde a fabricação de automóveis até a publicidade. Como investidor, pode ser difícil evitar os ciclos.

Se estivermos investindo em um setor que apresenta características cíclicas, é muito importante entender os ciclos em questão e tentar determinar onde estamos nesse ciclo.

Estar no pico do ciclo de demanda ou próximo a ele pode ser um momento perigoso para investir. A forte demanda recente é muitas vezes interpretada pelo mercado, pelos investidores e até mesmo por algumas equipes de gestão das empresas como indicativa do novo nível básico de maior demanda. Isso cria uma falsa sensação de confiança na perspectiva do negócio que, na realidade, está à beira de uma grande retração cíclica. Repetidamente, em vários setores, vemos altas cíclicas interpretadas de forma excessivamente otimista.

Esse excesso de otimismo se traduz em múltiplos de valorização elevados e preços mais altos das ações em questão. O pico do ciclo de demanda em um setor cíclico, interpretado erroneamente como um novo nível básico de demanda para o futuro, combinado com uma subestimação grosseira da probabilidade de uma desaceleração cíclica na demanda, resulta em preços de ações de empresas relacionadas muito altos. O risco de queda no preço das ações, à medida que a realidade atende a expectativas excessivamente otimistas, é alto. Este é um momento para evitar investir em ações expostas a esses ciclos.

O oposto é verdadeiro para as baixas em um ciclo. Nas baixas cíclicas, geralmente descobrimos que o sentimento em relação às empresas relacionadas é muito pessimista, muitas vezes de forma exagerada. O caminho até a baixa do ciclo foi difícil para os investidores, equipes de gestão e pesquisadores que cobrem o setor, com os preços das ações caindo muito para refletir a menor demanda e o desempenho mais fraco das empresas relacionadas. Isso também se traduz em menores expectativas de crescimento da demanda e dos lucros. As baixas são interpretadas como um novo nível de base inferior da demanda geral do setor, e a possibilidade de um aumento cíclico na demanda é subestimada pelo mercado. Isso resulta em preços de ações e valorizações muito baixos; o risco de uma grande surpresa de alta e de um grande aumento nos preços das ações é alto. Este é um bom momento para comprar empresas expostas a esses ciclos.

Na maioria das vezes, os investidores entendem esses ciclos de forma errada. Várias vezes vemos investidores comprando agressivamente no topo dos ciclos e vendendo mais perto das baixas. A estratégia ideal ao investir em setores cíclicos é fazer o oposto, vender nas altas cíclicas e comprar nas baixas cíclicas.

Isso nos leva a perguntar: há algum setor cíclico no mercado de ações atualmente exibindo altas ou baixas cíclicas?

Acreditamos que pode haver alguns setores exibindo as características de baixas cíclicas e, dessa forma, agora pode ser um ponto de entrada atraente para comprar nesses setores. Um exemplo é o setor de bens de capital relacionados à energia. Essas são empresas industriais que fabricam e fazem a manutenção de equipamentos pesados usados para produzir e transmitir eletricidade na rede elétrica. O ano passado foi um ano muito difícil para essas empresas, com a alta inflação dos custos de insumos esmagando as margens de lucro e a incerteza econômica e política atrasando os pedidos de novos equipamentos. Os preços das ações das empresas relacionadas e as valorizações caíram significativamente. Em alguns casos, as empresas relacionadas foram negociadas com as valorizações mais baixas de sua história comercial no final do ano passado. O mercado estava valorizando essas empresas como se as baixas nas margens de lucro e na demanda fossem o novo normal.

A verdade é bem diferente: podemos, de fato, estar à beira de um grande ciclo de alta na demanda por equipamentos de capital relacionados à energia. O mundo precisa urgentemente de mais fornecimento de energia, de fontes renováveis e de outras fontes de baixo carbono para combater as mudanças climáticas e para suprir a crescente demanda por energia nos mercados emergentes.

Isso nos parece uma oportunidade clássica de fim de ciclo e já vimos os relatórios de lucros recentes dessas empresas surpreenderem positivamente, com pedidos, receitas e margens de lucro bem acima das estimativas, já que a inflação de custos diminuiu e a demanda melhorou, o que resultou em fortes aumentos nos preços das ações nos últimos quatro ou cinco meses.

Nas próximas semanas, daremos mais alguns exemplos de setores em que vemos altas ou baixas cíclicas, nos quais os investidores devem considerar reduzir ou aumentar a exposição.

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