O mercado de ações dos EUA passou por uma fase difícil no último mês, e a principal razão por trás disso é a incerteza sobre as políticas econômicas do governo Trump. Embora a maioria das pessoas concorde que essa é a raiz do problema, há menos consenso sobre se o declínio se deve às políticas que poderiam reduzir os lucros das empresas ou simplesmente porque ninguém sabe exatamente quais serão essas políticas.

Muitos investidores estão esperando que as coisas fiquem mais claras em 2 de abril. Essa é a data que o governo escolheu para anunciar novas tarifas, impostos sobre produtos importados, que se aplicariam a determinados países e setores. A grande questão é: no dia 2 de abril as coisas serão esclarecidas ou se tornarão ainda mais confusas? No curto prazo, essa incerteza é o maior fator que influencia o mercado de ações.

Uma tarifa é um imposto cobrado sobre produtos importados. Imagine que você tem uma pequena empresa que vende bicicletas. Se o governo dos EUA impuser uma tarifa sobre as peças importadas de bicicletas, isso significa que essas peças ficarão mais caras. Isso poderia forçá-lo a aumentar os preços, o que poderia afastar os clientes. Em uma escala maior, quando setores inteiros enfrentam tarifas, as empresas obtêm menos lucro, o que deixa os investidores nervosos e faz com que os preços das ações caiam.

O analista financeiro Thierry Wizman, da empresa de investimentos Macquarie, compartilhou recentemente suas ideias sobre a situação. Ele disse que, com a nomeação do novo representante comercial dos EUA (USTR), Jamieson Greer, havia esperança de que as políticas tarifárias se tornassem mais estruturadas e fáceis de entender. De acordo com Wizman, o pior da incerteza pode já ter passado.

Esperava-se que o novo representante comercial introduzisse um sistema no qual cada país teria uma taxa tarifária específica com base na forma como esse país tributa os produtos americanos. Essa abordagem, sugeriu Wizman, poderia trazer alguma previsibilidade e flexibilidade à política comercial.

Entretanto, até mesmo Wizman reconheceu que o dia 2 de abril poderia não resolver todas as incertezas. Embora esperasse uma abordagem mais estruturada, ele também reconheceu que muitos detalhes ainda não estavam claros. Os investidores estavam observando atentamente para ver se o governo conseguiria se afastar das mudanças caóticas de política e adotar uma estratégia mais previsível.

De acordo com relatórios da Bloomberg, Greer – o negociador comercial do Presidente Trump – estava trabalhando para trazer mais estrutura para as políticas comerciais do governo. Nos últimos dois meses, os anúncios de tarifas foram confusos e imprevisíveis. Mas agora, o USTR estava solicitando feedback do público antes de tomar decisões. Isso significa que as empresas e os especialistas do setor poderiam fornecer informações antes que as tarifas fossem finalizadas, permitindo uma abordagem mais equilibrada.

Outro sinal positivo para os investidores foi o fato de que as principais autoridades do governo estavam se esforçando para ir além das disputas comerciais e se concentrar em políticas preferidas pelos investidores, como cortes de impostos e redução de regulamentações. Essa mudança poderia ajudar a estabilizar o mercado.

Um relatório do The Wall Street Journal sugeriu que a Casa Branca estava se movendo lentamente em direção a um plano tarifário mais estruturado. Em vez de criar regras caso a caso, as autoridades estavam considerando um sistema em que as tarifas seriam calculadas com base nas práticas comerciais gerais de um país. No entanto, ainda havia muitas perguntas sem resposta, como, por exemplo, como levar em conta os subsídios governamentais e as políticas cambiais.

Além disso, acredita-se que novas tarifas de 25% estejam sendo consideradas para carros, semicondutores e produtos farmacêuticos. Essa foi outra área de preocupação para os investidores, já que setores como o farmacêutico estavam isentos de tarifas anteriormente. Se esses novos impostos fossem introduzidos, isso poderia ter impactos significativos sobre as empresas desses setores.

O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, apareceu recentemente na televisão para tentar tranquilizar os investidores. Ele confirmou que cada país teria sua própria taxa tarifária e enfatizou que os EUA estavam dispostos a negociar. Em outras palavras, se um país reduzir suas barreiras comerciais, os EUA poderão reduzir as tarifas em troca.

Entretanto, ele também deixou claro que as tarifas sobre determinados setores estratégicos, como aço e alumínio, vieram para ficar. Além disso, ele mencionou uma lista de 15 países com os quais os EUA têm grandes déficits comerciais. Esses países seriam o foco principal das políticas comerciais do governo.

Apesar desses esforços para esclarecer, muitos detalhes permanecem vagos. Por exemplo, não está claro quais setores, além do aço e do alumínio, serão considerados “estratégicos” e sujeitos a tarifas permanentes. Alguns investidores presumem que os produtos farmacêuticos estarão isentos, mas não há confirmação oficial. Além disso, há confusão sobre se os diferentes tipos de tarifas serão acumulados uns sobre os outros, tornando a carga tributária geral ainda maior.

No centro dessa questão, há duas perguntas importantes que permanecem sem resposta: (1) O governo de Trump conseguirá se unir para apoiar uma política comercial única e bem organizada? (2) Como os outros países reagirão?

Espera-se que, em breve, os mercados tenham a tão necessária clareza. O mercado estará observando atentamente, e a forma como o governo lidará com o anúncio terá um grande impacto sobre a confiança dos investidores.

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